quarta-feira, 7 de maio de 2014

Aos bons malandros




Sonhamos todos os dias. Acordamos e adormecemos com o mesmo pensamento por achar que esse é o nosso verdadeiro caminho. Suponho que muitos sonhem, que muitos acreditem e que muitos trabalhem por isso e para isso. No entanto, estamos rodeados dos bons malandros que também sonham. Que também acordam e adormecem a pensar nos seus sonhos. Mas, estes bons malandros, nada mais fazem do que manter viva nas suas cabeças a esperança de que tudo poderá cair do céu. Não cai. 
Às vezes as oportunidades surgem. Mas os bons malandros, que julgam ter tido talento suficiente, tiveram sorte. Depois, mantêm a sorte a trabalhar de forma mediana, ou nem isso. Em cima do joelho, segundo sei, também se concretizam sonhos. Mas em cima do joelho não vem de coração. Vem do ‘desenrasca’, tipicamente utilizado pelos bons malandros que supostamente se vão safando com o passar dos dias. Mas, desenganem-se os bons malandros porque, com toda a certeza, têm os dias contados. Em cima do joelho não resulta sempre, a sorte não está sempre presente e o talento, esse não ajudará se não tiver havido o trabalho, a inteligência, a criatividade, a dedicação e o esforço – tudo se resume ao amor por aquilo que se faz e quer fazer. 
Aos bons malandros, o seguinte: nenhuma casa se começa pelo telhado. Nenhum diamante falso brilha para sempre.  Aos falsos diamantes eu chamo apenas figurantes especiais temporários. Talvez o respeito seja arte de outros tempos. Mas, comigo, para mim, e para as pessoas para quem trabalho, os bons malandros existem apenas na cabeça deles.

Filipe Carvalho

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