quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Até ao Próximo Natal...?




Agora que passou o Natal e que até aproveitaste a mesma mensagem que mandas de ano a ano para desejar um feliz 2015, podes seguir em frente para mais um ano.
Já te lembraste uma vez das pessoas, já lhes disseste que gostas muito delas e até já deste a desculpa de que não houve tempo. Tudo bem, está perfeito. No próximo ano podes dizer que mudaste de telemóvel, que perdeste os números e que só no Natal te lembraste daquela pessoa em comum a quem pediste o contacto para conseguir dizer algo. Vai parecer menos mal. Aquela tia afastada que até tem estado muito doente vai engolir também essa desculpa. Afinal de contas, é afastada.
Já podes voltar à tua vida ocupada porque já passou a fase em que todos se preocupam com as boas causas, a solidariedade e os familiares de quem até gostas mas cujas vidas não permitem grandes encontros. Afinal, família para quê? Nada. Ora essa.

Já não vais encontrar na televisão a Missão Sorriso, nem o Toca a Todos e tão pouco o Código Dá Vinte. As crianças, os idosos e os pobres conseguem ser alimentados todo o ano com o muito dinheiro angariado nas campanhas solidárias porque os pobres em Portugal são muito poucos. Tão poucos que quase não existem sem-abrigo e, sendo assim, dá perfeitamente. Só no Natal há pobreza infantil, sem-abrigo sujeitos ao frio e à chuva e idosos cujas reformas não chegam nem a meio do mês. Só no Natal é que as pessoas precisam de viver ligeiramente bem e com alguma, repito, alguma dignidade. Isto porque só no Natal tens o coração quentinho. Fazes a caridadezinha e durante o ano viras a cara porque és extremamente ocupado. Como não és egoísta, voltas à faculdade ou ao trabalho e comentas os imensos presentes que recebeste, lamentas o facto de se terem esquecido do iPhone 6 e anseias os saldos para andares sempre impecável nos mais diversos eventos que a vida te proporciona.

Durante o resto do ano, pedes o verão, alimentas os teus sonhos e nem vale a pena pensares que há quem não os tenha. Não te preocupes... Só interessam os teus porque os outros nasceram condenados e têm de viver a condenação ao frio, à chuva e com muita fome. Nem interessa se são bonitos ou feios, ou até se andam bem vestidos. Importa é que tu estejas bem.
Durante todo o ano, quem importa és tu. Não te importes com mais nada porque a tua felicidade e o teu bem-estar estão acima de qualquer coisa. Pelo menos, só até perderes a tua dignidade e te encontrares de igual ou pior forma.

O Natal? Ah, sim, foi imensamente bom. Venha o próximo para pensares e lembrares aqueles que durante todo o ano desprezas. Assim és muito melhor!
Não importa a mãe que não coma o pouco que tem para deixar para os filhos. Afinal de contas, a mãe só não come porque não tem fome.
Não importam os idosos ignorados pelas famílias porque são velhos e dão muito trabalho. Não importam aqueles sujos da rua que não comem e que dormem ao frio porque são o lado negro da sociedade e até usam o pouco que têm para a droga.
Não importam sequer os doentes abandonados no hospital e muito menos importam os animais maltratados. Só importas tu. Não te esqueças disso nunca. Tu, tu e tu.


Feliz Natal ó tu! Até ao próximo.


Texto de Filipe Carvalho

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Há Tarde com Vanessa Oliveira



Fotografia retirada da Página de Facebook de Vanessa Oliveira



Vanessa Alexandra Oliveira, com 33 anos, é a nova cara das tardes da RTP ao lado de Herman José. A convite da Estação Pública saiu da SIC para aceitar aquele que é o seu maior desafio profissional. Dois meses depois, há opinião no Face to Face.

Bonita, segura, inteligente, atenta e profissional. Assim se pode caracterizar Vanessa Oliveira neste novo papel que assumiu em meados de Setembro e que está a abraçar da melhor forma.
Não é fácil estar ao lado do enorme Herman José mas a ex-apresentadora da SIC fá-lo muitíssimo bem, mostrando que sabe estar e sabe intervir, mesmo quando parece impossível no meio de tanta algazarra (das boas!) no programa.

Fotografia retirada do Facebook de Vanessa Oliveira
Tão divertida quanto séria, ela é das boas e sabe adaptar-se a tudo aquilo que se passa no programa. Para quem pensou que iria apagar-se por ter ao seu lado o mestre do entretenimento, a prova é dada todas as tardes de segunda a sexta-feira e ninguém lhe tira o mérito. Aos poucos, soube encontrar o seu lugar e a harmonia na parceria que muitos acharam descabida.

Também a sua transferência para a RTP foi muito criticada mas acabou por revelar-se a escolha certa. Tanto é que Há Tardes em que vencem a SIC, actualmente com João Baião, Andreia Rodrigues e Luciana Abreu. Mas, o que fica, e que é o mais importante para a RTP, é que existe um grande programa, belíssimos apresentadores e muita qualidade para quem assiste.


É caso para dizer que os cães ladram, a caravana passa e a Vanessa Oliveira brilha!
Parabéns, Vanessa!



Opinião de Filipe Carvalho

Conheça aqui a página oficial do facebook da apresentadora.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Cada Dia é Sempre Diferente dos Outros





Cada dia é sempre diferente dos outros, mesmo quando se faz aquilo que já se fez. Porque nós somos sempre diferentes todos os dias, estamos sempre a crescer e a saber cada vez mais, mesmo quando percebemos que aquilo em que acreditávamos não era certo e nos parece que voltámos atrás. Nunca voltamos atrás. Não se pode voltar atrás, não se pode deixar de crescer sempre, não se pode não aprender. Somos obrigados a isso todos os dias. Mesmo que, às vezes, esqueçamos muito daquilo que aprendemos antes. Mas, ainda assim, quando percebemos que esquecemos, lembramo-nos e, por isso, nunca é exactamente igual.

— Porquê, pai?

— Porque a memória não deixa que seja igual, mesmo que seja uma memória muito vaga, mesmo que seja só assim uma espécie de sensação muito vaga. É que a memória não é sempre aquilo que gostaríamos que fosse. Grande parte dos nossos problemas estão na memória volúvel que possuímos. Aquilo que é hoje uma verdade absoluta, amanhã pode não ter nenhum valor. Porque nos esquecemos, filho. Esquecemos muito daquilo que aprendemos. E cansamo-nos. E quando estamos cansados, deixamos de aprender. Queremos não aprender por vontade. Essa é a nossa maneira de resistir, mais ou menos, àquilo que nos custa entender. E aquilo que nos custa entender pode ter muitas formas, pode chegar de muitos lugares.

— Porquê, pai?

— Porque nos parece que é assim. Mas talvez não seja assim. Aquilo que nos custa entender é sempre uma surpresa que nos contradiz. Então, procuramos convencer-nos das mais diversas maneiras, encontramos as respostas mais elaboradas e incríveis para as perguntas mais simples. E acreditamos mesmo nelas, queremos mesmo acreditar nelas e somos capazes. Somos mesmo capazes. Não imaginas aquilo em que somos capazes de acreditar.

— Porquê, pai?

— Porque temos de sobreviver. Porque, à noite, a esta hora, temos de encontrar força para conseguirmos dormir, descansar, e temos de acreditar que no dia seguinte poderemos acordar na vida que quisemos, que desejámos. Temos de acreditar que poderemos acordar na vida que conseguimos construir e que essa vida tem valor, vale a pena. Muito mais difícil do que esse esforço é considerarmos que fomos incapazes, que não conseguimos melhor, que a culpa foi nossa, toda e exclusiva.



José Luís Peixoto, in 'Abraço'

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

VIOLÊNCIA NÃO É AMOR


Fotografia retirada do GOOGLE


"O teu namorado de 16 anos não é nervoso, é uma besta. Enviar-te 35 mensagens durante o dia a dizer que te ama e a perguntar onde estás não é uma prova de amor.
É uma prova de que ele é um controlador e que, se tu deixas que ele o faça e não pões um travão a tempo, a coisa só vai ter tendência para piorar ainda mais.
Fazer-te perguntas sobre dinheiro não é indício de estar atento aos tempos difíceis em que vivemos, e reflexo de uma educação de poupança. Falar muitas vezes disso indica, isso sim, que um dia ele vai querer controlar o teu dinheiro. 
Aliás, se dependesse dele, era ele que geria já a tua mesada. Quanto gastas. Quando gastas. Em que gastas. Quando deres por ti, estarás a pedir-lhe autorização para comprar coisas para ti.
Pedir a password do teu e-mail ou da tua conta de Facebook não é sinal de que vocês nada têm a esconder um do outro. Não é sinal de que, entre vocês, tudo é um livro aberto. Mesmo que ele insista em dar-te a password dele. Isso é um sinal de desconfiança permanente. E um passo grande para o fim da tua privacidade. Sabes o que é privacidade, certo? É uma zona tua, onde mais ninguém entra. A não ser que tu queiras.
Os comentários sobre a roupa que usas ou o novo corte de cabelo não revelam um ciuminho saudável. Revelam que é ciumento. Ponto. Pouco lhe importa se tu gostas daquele top, daqueles calções ou daquelas calças apertadas. Entre os argumentos usados, talvez ele diga que já não precisas de te vestir assim, porque isso atrai a atenção de outros rapazes e tu já tens namorado. Se não fores capaz de lhe dizer, na altura, que te vestes assim porque te apetece, não para lhe agradar, pensa que este é o mesmo princípio que leva muitas sociedades a obrigar as mulheres a usar burka... Não é exagero. Controlar o que tu vestes é exatamente a mesma coisa.
Perguntar-te a toda a hora quem é que te telefonou ou ver o teu telemóvel, à procura das chamadas feitas e atendidas e das mensagens enviadas e recebidas não é um reflexo de pequeno ciúme. É um sinal de grande insegurança. Faças tu o que fizeres, dês tu as provas de amor que deres (na tua idade, o amor ainda tem muito para rolar, mas tu perceberás isso com o tempo), ele sentirá sempre que é pouco. E vai querer mais, e mais. E tu terás cada vez menos e menos.
Apertar-te o braço com mais força num dia em que se chatearam e lhe passou qualquer coisa má pela cabeça não é um caso isolado e uma coisa que devas minimizar porque ele estava nervoso. Aconteceu daquela vez e é muito, muito, muito provável que volte a acontecer. Um dia ele estará mais nervoso. E a marca no teu braço será maior. E mesmo que ele «nunca tenha encostado um dedo» em ti, a violência psicológica pode ser tão ou mais grave do que a física.
Gostar de ti mas não gostar de estar com os teus amigos não é amor. É controlo. E é errado. O isolamento social é terrível.Continuar a telefonar-te insistentemente depois de tu teres dito que queres acabar a relação, ou encher-te o telemóvel com mensagens a pregar o amor eterno, não significa que ele esteja a sofrer muito. Significa, sim, uma frustração em lidar com a rejeição. E se pensares em voltar para ele, pensa que da próxima vez que isso acontecer ele vai telefonar-te mais vezes. E enviar-te mais mensagens.
Guardares estas coisas para ti não é um sintoma da tua timidez. Não quer dizer que sejas reservada. É uma estratégia de defesa tua. E um pouco de vergonha, à mistura, não é? E que tal partilhares isso? Ficarias espantada com a quantidade de amigas tuas que passam por situações semelhantes.
Talvez a sua filha não leia isto. Mas que tal mostrar-lhe a revista, para ela pensar um pouco?"

Paulo Farinha | DN - Notícias Magazine



[Nota: Este texto é partilhado porque alerta de forma clara para o perigo da violência no namoro. É claro, objectivo e muito esclarecedor no que diz respeito aos comportamentos que nenhum de nós deve aceitar durante a vida, em qualquer tipo de relacionamento. Amar não é violentar. Amar é respeitar e cuidar, acima de qualquer circunstância. O amor deve ser vivido de forma bonita e saudável... Sempre.]


terça-feira, 30 de setembro de 2014

Cristina Ferreira... Com ou sem Photoshop?


Fotografia de Aloísio Brito - Hush Puppies by Cristina Ferreira
www.dailycristina.com


Há muito tempo que Cristina Ferreira se tornou uma imagem de marca, passando por isso a associar-se a outras, como é o caso da Hush Puppies.

Depois de uma colecção de sucesso lançada em 2013, a apresentadora da TVI volta a associar-se à conhecida marca de calçado para mais uma colecção que idealizou ao pormenor, pensando no bem-estar e conforto das mulheres no seu dia-a-dia pessoal e profissional.

O lançamento da nova colecção aconteceu ontem, dia 29 de Setembro, no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, e foi um sucesso. No blogue pessoal da apresentadora, em www.dailycristina.com, foram disponibilizadas algumas fotografias que têm dado que falar, muito por culpa do uso excessivo de photoshop, como pode ver mais abaixo no Face to Face.

O que acha? Deixe a sua opinião n' A Entrevista que é Face to Face! 



Fotografia de Aloísio Brito - Hush Puppies by Cristina Ferreira
www.dailycristina.com


Fotografia de Aloísio Brito - Hush Puppies by Cristina Ferreira
www.dailycristina.com

Styling | Patricia Pereira
Cabelos | Vina Correia
Make-up | Inês Franco
Fotografias | Aloísio Brito



sábado, 27 de setembro de 2014

«Há Tarde»? Há. Na RTP!


Fotografia retirada do Google Imagens


Depois da saída de João Baião da RTP para a SIC, e dos problemas de saúde de José Carlos Malato, a Estação Pública resolveu mudar os seus programas do Day Time, começando a pensar nos substitutos da «Praça da Alegria» e de «Portugal no Coração». Depois de mais uma temporada de «Verão Total», surgem os programas «Agora Nós», com Tânia Ribas de Oliveira e José Pedro Vasconcelos, e «Há Tarde», com Herman José e Vanessa Oliveira, vinda da SIC. 


Fotografia retirada da Página de Facebook Oficial do Programa «Há Tarde»


A RTP apostou muito bem. Herman José, com 40 anos de carreira, está melhor do que nunca: assertivo, dotado de bom gosto e igual a si próprio, sempre com muito talento. Já Vanessa Oliveira, que trocou a Estação de Carnaxide pela Estação Pública, deu um salto na sua carreira: está segura, serena, bonita e igualmente assertiva quando se trata de procurar o seu espaço no programa.
A contracena entre apresentadores evolui de programa para programa e o estúdio é, sem sombra de dúvidas, o mais bonito quando comparado com os estúdios da concorrência. 
«Há Tarde» com talento, popular mas de bom gosto, apresentação com requinte e pormenores bem estudados que fazem toda a diferença nos conteúdos que nos chegam a casa. 


Fotografia retirada da Página de Facebook Oficial do Programa «Há Tarde»


Afinal, não ser líder de audiências não tem exactamente que ver com qualidade. «Há Tarde» tem muita qualidade e todo o mérito para ser líder. Não será, sabemos bem, mas irá valer pela diferença.
É caso para dizer que Há Tarde.

Os parabéns à RTP e a toda a equipa por lutarem pela qualidade na Estação que é de todos nós.


Opinião de Filipe Carvalho

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Não sei quantas almas tenho




Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Dolores Aveiro, uma grande Senhora


Em Entrevista à RTP

Esta senhora, grande senhora, aliás, merece todo o nosso respeito. Nunca por ser mãe de quem é. Não por isso. Merece o nosso respeito porque é uma lutadora. Tal como muitas mulheres deste país que tanto as maltrata. Esta senhora sofreu, lutou, deve ter chorado muito, mas nunca baixou os braços. A vida sorriu-lhe. Como devia sorrir a todos aqueles que vivem e viveram grandes lutas. À vida, Dona Dolores deu um Cristiano Ronaldo e este, felizmente, teve a capacidade e as oportunidades para poder retribuir, dando à mãe e restante família uma nova vida. E ainda bem.
Sabemos que a Dona Dolores é conhecida por ser mãe de quem é, sim. Mas este livro não tem que ver com ele. Não directamente. Este livro conta a história de uma mulher, tipicamente portuguesa, que não baixou os braços e que soube encontrar, mesmo sem ter tido, o amor.
Aos invejosos, porque os há por aí, uma chapada de luva branca. Há que pôr a mão na consciência antes de criticar, antes de falar mal. Há muito que conhecer antes de avançar para o comentário inútil e infundado. Haja respeito.

Que todas as mulheres e mães deste país, as lutadoras, consigam dar a volta, com ou sem filhos milionários, porque no final, o que fica, é e só pode ser o amor.


Veja a entrevista de Dolores Aveiro à RTP:

domingo, 13 de julho de 2014

Cada lugar teu



Sei de cor cada lugar teu
Atado em mim, a cada lugar meu
Tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
Tento esquecer a mágoa
Guardar só o que é bom de guardar
Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
Sem ter defesas que me façam falhar
Nesse lugar mais dentro
Onde só chega quem não tem medo de naufragar
Fica em mim que hoje o tempo dói
Como se arrancassem tudo o que já foi
E até o que virá e até o que eu sonhei
Diz-me que vais guardar e abraçar
Tudo o que eu te dei
Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
E o mundo nos leve pra longe de nós
E que um dia o tempo pareça perdido
E tudo se desfaça num gesto só
Eu Vou guardar cada lugar teu
Ancorado em cada lugar meu
E hoje apenas isso me faz acreditar
Que eu vou chegar contigo
Onde só chega quem não tem medo de naufragar
Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
E o mundo nos leve pra longe de nós
E que um dia o tempo pareça perdido
E tudo se desfaça num gesto só
Eu Vou guardar cada lugar teu
Atado em cada lugar meu
E hoje apenas isso me faz acreditar
Que eu vou chegar contigo
Onde só chega quem não tem medo de naufragar


segunda-feira, 7 de julho de 2014

Como é que se Esquece Alguém que se Ama?




Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?

As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.

É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.

Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.

O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.


Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

[Para contactar o blogue Face to Face, envie um e-mail para aentrevistaexclusiva@gmail.com]

quinta-feira, 3 de julho de 2014

E as cartas de amor...?




Todas as Cartas de Amor são Ridículas


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Talvez quem Vê Bem não Sirva para Sentir


Fernando Pessoa 

Talvez quem vê bem não sirva para sentir
E não agrada por estar muito antes das maneiras.
É preciso ter modos para todas as coisas,
E cada coisa tem o seu modo, e o amor também.
Quem tem o modo de ver os campos pelas ervas
Não deve ter a cegueira que faz fazer sentir.
Amei, e não fui amado, o que só vi no fim,
Porque não se é amado como se nasce mas como acontece.
Ela continua tão bonita de cabelo e boca como dantes,
E eu continuo como era dantes, sozinho no campo.
Como se tivesse estado de cabeça baixa,
Penso isto, e fico de cabeça alta
E o dourado sol seca a vontade de lágrimas que não posso deixar de ter.
Como o campo é vasto e o amor interior...!
Olho, e esqueço, como seca onde foi água e nas árvores desfolha.


Alberto Caeiro, in "O Pastor Amoroso"
Heterónimo de Fernando Pessoa

terça-feira, 10 de junho de 2014

Este rapaz mudou-me a vida...!



27 de Maio de 2012, 18h
Inicia-se a aventura que faz com que as minhas opções profissionais ganhem mais sentido ainda. Começa a emissão de rádio no Banco Alimentar Contra a Fome, apoiada pela Universidade Autónoma de Lisboa, na qual estudei. Faço parte da equipa que das 18h às 22h anima todos os armazéns do país associados a esta nobre causa. Em estúdio estão quatro pessoas que, entre muitas outras, abdicaram de parte do seu fim-de-semana para alimentar a ideia de que devemos ajudar porque um dia, sem darmos por isso, podemos ser nós a precisar deste apoio.
Entre nervos, ansiedade e muita vontade de fazer bem e cumprir a missão de animar e dar força aos que verdadeiramente trabalham nos armazéns, lá ficou decidido que além da animação em estúdio, também por grande vontade minha, ficaria a fazer reportagem de exteriores. Fi-lo por achar que a verdadeira forma de chegar às pessoas, através da comunicação, passa por estar junto a elas. O mais próximo possível, aliás.
Numa das várias intervenções que fiz em exteriores, entre pesagens e entrevistas, surgiu um jovem muito especial: o André. Abordou-me vezes sem conta. As abordagens foram estranhas, uma vez que o André apenas me puxava pelo braço pedindo-me atenção para a qual, naquele momento, não tinha tempo. Minutos depois, após terminar o directo, parei para tentar perceber o que queria o rapaz. Sem sequer imaginar, acabou por mudar-me a vida. Surdo-mudo e com algumas limitações físicas, queria que eu passasse uma mensagem para todos os que nos ouviam através da Rádio Autónoma. Pediu-me que dissesse a todos que, apesar de apenas ouvir alguns ruídos da música, estava a adorar ali estar e eu disse-lhe que passaria a mensagem no próximo directo. Duvidando de mim, pediu-me que todos os presentes no armazém levantassem os braços após ouvirem a sua mensagem, já que era a única forma de confirmar que o recado era dado. Achei quase impossível, tal era a concentração de todos os voluntários que mal se mexiam do posto que ocupavam mas, mesmo assim, comprometi-me a fazê-lo. Era o mínimo depois de perceber que aquele rapaz, com tantas dificuldades na vida, estava ali a apoiar a causa que a muitos se faz chegar por todo o país. Nervoso, inicio o directo avisando que tinha a tal mensagem a passar. Fi-lo com muita convicção porque sabia a importância que tinha para o André, mesmo achando que poucos iriam ligar ao que dizia, quando o mais importante era o trabalho que ali se fazia. 
Enganei-me. A mensagem foi passada e o armazém parou. Parou porque o André merecia. Não por ter limitações. O André merecia porque era um lutador com um grande coração. O armazém parou porque o importante é mostrar que estas pessoas também têm lugar e que esse lugar é junto de todos nós. Arrepiei-me. Caíram-me duas lágrimas de felicidade e depressa me surgiu a sensação de missão cumprida. Ganhei a noite. O André sorriu, ficou extremamente feliz e continuou a ajudar junto à zona do grão. E eu, que continuei a emissão com os meus colegas, percebi que a minha vida só pode passar por isto. Foi nesta noite que percebi o verdadeiro significado de comunicar para as pessoas. Foi nesta noite que percebi que não há volta a dar, que as pessoas são o mais importante e que é a pensar nelas que devemos trabalhar. Foi nesta noite que tudo fez ainda mais sentido e que percebi que ando nesta luta por um lugar porque estou cá pelos motivos certos.
Deste caminho, custe o que custar, ninguém me tira.

P.s.: Todos os anos marco presença nas emissões da Rádio Autónoma a partir do Banco Alimentar Contra a Fome. Todos os anos o André vem ter comigo para me cumprimentar, mostrando que jamais se esquecerá daquele momento. Eu também não esqueço. O André mudou a minha vida. Espero ter melhorado a dele.

domingo, 25 de maio de 2014

Alexandre Malveiro - The Voice Portugal


Alexandre no programa The Voice Portugal da RTP1

Actor e cantor. Tentou a sua sorte no programa de televisão «The Voice Portugal» da RTP e conta-nos agora como foi a sua experiência neste formato.


Quem é o Alexandre Malveiro?
O Alexandre Malveiro é uma pessoa como outra qualquer, que valoriza a amizade, a cumplicidade, o riso, o amor. Sou uma pessoa com defeitos também, ninguém é perfeito. A teimosia consegue dominar muitas vezes a minha vida. Sou "viciado" no mundo do espectáculo, da arte e da comunicação. Teatro, música, escrita, rádio, dança. Sou uma pessoa que não desiste facilmente e que faz de tudo para conseguir alcançar os seus objectivos.

Consegues eleger uma área do mundo do espectáculo na qual tenhas mais vontade de trabalhar?
Consigo. É a música, claramente.

Fala-me um pouco do teu percurso artístico.
Desde criança que cantava mas nada a sério. No ano em que terminei o ensino básico, entrei para o grupo de teatro da escola que frequentava. Nesse mesmo ano descobri a minha paixão pelo teatro. No ano seguinte, de forma a completar o ensino secundário, fiz audições para o curso profissional de artes do espectáculo (teatro) e entrei. Desde então, comecei a trabalhar mais a parte teatral, deixando a música um pouco de lado. Entretanto, comecei a cantar de novo nas festas de verão no Algarve e a compor os meus próprios temas. Organizei concursos como o «X Factor» e «Portugal tem talento» de forma a conseguir descobrir novos talentos. De vez em quando, canto nas ruas de Lisboa. Não o faço pelo dinheiro mas por gostar mesmo de cantar pelas ruas da nossa capital.

Com tantas actividades, há tempo para todas elas?
Quando gostamos do que fazemos, conseguimos ter tempo para tudo e muito mais!

Disseste também que organizaste concursos como o «Factor X» e «Portugal tem Talento». Fala-me desses concursos.
Arranjei uma equipa de trabalho. Anunciámos com cartazes as inscrições, de seguida as audições, recebemos as inscrições dos concorrentes e começámos com as pré-selecções. Depois, as audições abertas ao público em geral. Desta forma ficaram seleccionados os finalistas. Seguiu-se a fase de preparação da gala final. Ensaios, venda de bilhetes, ensaios de luz, som, coreografias, músicas, convites para o compor o júri que nas duas edições contou com Carlos Costa do programa ídolos e a nossa grande actriz Rita Ribeiro. A gala tinha um serviço de catering e muita animação!

Depois de todas estas actividades e apostas da tua parte na tua carreira artística, pudemos ver-te e ouvir-te no «The Voice Portugal» da RTP1. Como é que surgiu a ideia de participar neste talent-show?
Antes de mais, adoro o formato do concurso. Sou um espectador assíduo do The Voice USA e Inglaterra. Resolvi tentar a minha sorte e ver até onde conseguia chegar.



Antes de chegar à prova cega, tiveste de participar nas pré-selecções. Como é que correu?
Foram duas pré-selecções bastante rígidas em que os nervos dominavam. Na minha opinião, acho que correram bem, dei o meu melhor. Mostrei o quanto queria chegar longe, foram longas horas de espera, longas horas de constante nervosismo, mas foi uma experiência brutal. Ficar no TOP 100 perante milhares de concorrentes por todo o país foi muito bom.

Depois dá-se a derradeira prova cega onde nenhum dos mentores virou a cadeira para que pudesses ficar a concurso mais tempo. Como é que te sentiste nesse momento?
Sinceramente, é uma sensação de perda porque não tinha a noção do que me esperava depois das provas cegas passarem na TV. Uma sensação de perda porque foi muito tempo investido, muitas horas, muito trabalho, muitas esperanças envolvidas, muitos sonhos do que poderia acontecer... Fiquei em baixo, sim, como todos os concorrentes que não passaram ficaram mas, de certa forma, não trocaria a experiência por nada. Estou contente com a minha prestação, sei que o público também gostou e isso é o mais importante. Acredito no destino. Se não foi desta, não tinha que ser. Agora a minha missão é transformar um não num grande sim.



Se pudesses voltar à prova cega, levarias outro tema a concurso?
Por questões de contrato não posso entrar em pormenores em relação à escolha dos temas nem em relação ao tema que cantei nas provas cegas. Mas sim, acho que levaria outro tema às provas cegas. Apesar de até ter sido bom levar o Euphoria, música que ganhou a eurovisão na RTP, para os mentores ficarem a conhecê-la.

Que tema escolherias?
I belive i can fly de R. Kelly ou Proud Mary da Tina turner.


Rui Reininho, Anselmo Ralph, Mariza Liz e Mickael Carreira. Qual o teu mentor preferido?
Acho que a Marisa Liz.

Porquê?
Temos um estilo musical parecido, acho que nos iriamos dar muito bem, e iriamos trabalhar muito bem juntos.

Depois desta participação, suponho que tenhas recebido inúmeras mensagens de fãs, familiares e amigos. O que é que mais te disseram sobre a tua prestação no programa da RTP?
Recebi inúmeras mensagens, sim. No geral quiseram dar-me os parabéns pela coragem e pela prestação, dizendo que gostaram da minha prova cega, que gostaram da entrega que tive em palco, e que foi muito bom ver a "revolta" do público em geral por não ter passado. É sinal que gostaram do que viram… No geral, tenho recebido bastante conforto do público português e não só.

Surgiram novas oportunidades a nível musical depois desta passagem pelo The Voice Portugal?
Sim, surgiam propostas e novos projectos dos quais só posso ainda revelar os meus próximos dois concertos já confirmados em Julho, dias 20 e 21, na fonte luminosa no parque da Alameda em Lisboa.

Sobre esses dois concertos, o que podes revelar?
Posso revelar que finalmente vão conhecer o Alexandre Malveiro.

Deixa-nos então o convite para os concertos.
Convido todos a vir nos próximos dias 20 e 21 de Julho, na fonte luminosa da Alameda em Lisboa, a partir das 21:30 com entrada gratuita. Prometo que haverá muita animação, músicas de todas as gerações e muita dança.

Enquanto cantor, quais os estilos musicais com os quais mais te identificas?
Pop, fado, jazz.

O que esperas estar a fazer daqui a dez anos?
Muito sinceramente, espero estar a pisar os grandes palcos de Portugal e arredores.

Apenas como cantor?
Como cantor e actor.

Se os teus sonhos falassem, o que diriam de ti?

Diriam que um dia vou conseguir chegar a eles, basta acreditar em mim!


Se quiser estar a par do trabalho do Alexandre Malveiro, pode segui-lo através da sua página de facebook oficial, aqui. Veja também outras das suas actuações aqui.