Agora
que passou o Natal e que até aproveitaste a mesma mensagem que mandas de ano a
ano para desejar um feliz 2015, podes seguir em frente para mais um ano.
Já
te lembraste uma vez das pessoas, já lhes disseste que gostas muito delas e até
já deste a desculpa de que não houve tempo. Tudo bem, está perfeito. No próximo ano podes
dizer que mudaste de telemóvel, que perdeste os números e que só no Natal te
lembraste daquela pessoa em comum a quem pediste o contacto para conseguir dizer algo. Vai parecer menos
mal. Aquela tia afastada que até tem estado muito doente vai engolir também
essa desculpa. Afinal de contas, é afastada.
Já
podes voltar à tua vida ocupada porque já passou a fase em que todos se preocupam
com as boas causas, a solidariedade e os familiares de quem até gostas mas
cujas vidas não permitem grandes encontros. Afinal, família para quê? Nada. Ora
essa.
Já
não vais encontrar na televisão a Missão Sorriso, nem o Toca a Todos e tão
pouco o Código Dá Vinte. As crianças, os idosos e os pobres conseguem ser
alimentados todo o ano com o muito dinheiro angariado nas campanhas solidárias
porque os pobres em Portugal são muito poucos. Tão poucos que quase não existem
sem-abrigo e, sendo assim, dá perfeitamente. Só no Natal há pobreza infantil,
sem-abrigo sujeitos ao frio e à chuva e idosos cujas reformas não chegam nem a
meio do mês. Só no Natal é que as pessoas precisam de viver ligeiramente bem e
com alguma, repito, alguma dignidade. Isto porque só no Natal tens o coração
quentinho. Fazes a caridadezinha e durante o ano viras a cara porque és extremamente ocupado. Como não és egoísta, voltas à faculdade ou ao
trabalho e comentas os imensos presentes que recebeste, lamentas o facto de
se terem esquecido do iPhone 6 e anseias os saldos para andares sempre
impecável nos mais diversos eventos que a vida te proporciona.
Durante
o resto do ano, pedes o verão, alimentas os teus sonhos e nem vale a pena
pensares que há quem não os tenha. Não te preocupes... Só interessam os teus
porque os outros nasceram condenados e têm de viver a condenação ao frio, à
chuva e com muita fome. Nem interessa se são bonitos ou feios, ou até se andam
bem vestidos. Importa é que tu estejas bem.
Durante
todo o ano, quem importa és tu. Não te importes com mais nada porque a tua
felicidade e o teu bem-estar estão acima de qualquer coisa. Pelo menos, só até
perderes a tua dignidade e te encontrares de igual ou pior forma.
O
Natal? Ah, sim, foi imensamente bom. Venha o próximo para pensares e
lembrares aqueles que durante todo o ano desprezas. Assim és muito melhor!
Não
importa a mãe que não coma o pouco que tem para deixar para os filhos. Afinal
de contas, a mãe só não come porque não tem fome.
Não
importam os idosos ignorados pelas famílias porque são velhos e dão muito
trabalho. Não importam aqueles sujos da rua que não comem e que dormem ao frio
porque são o lado negro da sociedade e até usam o pouco que têm para a droga.
Não
importam sequer os doentes abandonados no hospital e muito menos importam os
animais maltratados. Só importas tu. Não te esqueças disso nunca. Tu, tu e tu.
Vanessa
Alexandra Oliveira, com 33 anos, é a nova cara das tardes da RTP ao lado de
Herman José. A convite da Estação Pública saiu da SIC para aceitar aquele que é
o seu maior desafio profissional. Dois meses depois, há opinião no Face to
Face.
Bonita,
segura, inteligente, atenta e profissional. Assim se pode caracterizar Vanessa
Oliveira neste novo papel que assumiu em meados de Setembro e que está a
abraçar da melhor forma.
Não
é fácil estar ao lado do enorme Herman José mas a ex-apresentadora da SIC fá-lo
muitíssimo bem, mostrando que sabe estar e sabe intervir, mesmo quando parece
impossível no meio de tanta algazarra (das boas!) no programa.
Tão
divertida quanto séria, ela é das boas e sabe adaptar-se a tudo aquilo que se
passa no programa. Para quem pensou que iria apagar-se por ter ao seu lado o mestre
do entretenimento, a prova é dada todas as tardes de segunda a sexta-feira e
ninguém lhe tira o mérito. Aos poucos, soube encontrar o seu lugar e a harmonia
na parceria que muitos acharam descabida.
Também
a sua transferência para a RTP foi muito criticada mas acabou por revelar-se a
escolha certa. Tanto é que Há Tardes em que vencem a SIC, actualmente com João
Baião, Andreia Rodrigues e Luciana Abreu. Mas, o que fica, e que é o mais
importante para a RTP, é que existe um grande programa, belíssimos apresentadores
e muita qualidade para quem assiste.
É
caso para dizer que os cães ladram, a caravana passa e a Vanessa Oliveira
brilha!
Parabéns, Vanessa!
Opinião
de Filipe Carvalho
Conheça aqui a página oficial do facebook da apresentadora.
Cada
dia é sempre diferente dos outros, mesmo quando se faz aquilo que já se fez.
Porque nós somos sempre diferentes todos os dias, estamos sempre a crescer e a
saber cada vez mais, mesmo quando percebemos que aquilo em que acreditávamos
não era certo e nos parece que voltámos atrás. Nunca voltamos atrás. Não se
pode voltar atrás, não se pode deixar de crescer sempre, não se pode não
aprender. Somos obrigados a isso todos os dias. Mesmo que, às vezes, esqueçamos
muito daquilo que aprendemos antes. Mas, ainda assim, quando percebemos que
esquecemos, lembramo-nos e, por isso, nunca é exactamente igual.
—
Porquê, pai?
—
Porque a memória não deixa que seja igual, mesmo que seja uma memória muito
vaga, mesmo que seja só assim uma espécie de sensação muito vaga. É que a
memória não é sempre aquilo que gostaríamos que fosse. Grande parte dos nossos
problemas estão na memória volúvel que possuímos. Aquilo que é hoje uma verdade
absoluta, amanhã pode não ter nenhum valor. Porque nos esquecemos, filho.
Esquecemos muito daquilo que aprendemos. E cansamo-nos. E quando estamos
cansados, deixamos de aprender. Queremos não aprender por vontade. Essa é a
nossa maneira de resistir, mais ou menos, àquilo que nos custa entender. E
aquilo que nos custa entender pode ter muitas formas, pode chegar de muitos
lugares.
—
Porquê, pai?
—
Porque nos parece que é assim. Mas talvez não seja assim. Aquilo que nos custa
entender é sempre uma surpresa que nos contradiz. Então, procuramos
convencer-nos das mais diversas maneiras, encontramos as respostas mais
elaboradas e incríveis para as perguntas mais simples. E acreditamos mesmo
nelas, queremos mesmo acreditar nelas e somos capazes. Somos mesmo capazes. Não
imaginas aquilo em que somos capazes de acreditar.
—
Porquê, pai?
—
Porque temos de sobreviver. Porque, à noite, a esta hora, temos de encontrar
força para conseguirmos dormir, descansar, e temos de acreditar que no dia
seguinte poderemos acordar na vida que quisemos, que desejámos. Temos de acreditar
que poderemos acordar na vida que conseguimos construir e que essa vida tem
valor, vale a pena. Muito mais difícil do que esse esforço é considerarmos que
fomos incapazes, que não conseguimos melhor, que a culpa foi nossa, toda e
exclusiva.
"O teu namorado de
16 anos não é nervoso, é uma besta. Enviar-te 35 mensagens
durante o dia a dizer que te ama e a perguntar onde estás não é uma prova de
amor.
É uma prova de que ele
é um controlador e que, se tu deixas que ele o faça e não pões um travão a
tempo, a coisa só vai ter tendência para piorar ainda mais.
Fazer-te perguntas
sobre dinheiro não é indício de estar atento aos tempos difíceis em que
vivemos, e reflexo de uma educação de poupança. Falar muitas vezes disso
indica, isso sim, que um dia ele vai querer controlar o teu dinheiro.
Aliás, se dependesse
dele, era ele que geria já a tua mesada. Quanto gastas. Quando gastas. Em que
gastas. Quando deres por ti, estarás a pedir-lhe autorização para comprar
coisas para ti.
Pedir a password do teu
e-mail ou da tua conta de Facebook não é sinal de que vocês nada têm a esconder
um do outro. Não é sinal de que, entre vocês, tudo é um livro aberto. Mesmo que
ele insista em dar-te a password dele. Isso é um sinal de desconfiança
permanente. E um passo grande para o fim da tua privacidade. Sabes o que é
privacidade, certo? É uma zona tua, onde mais ninguém entra. A não ser que
tu queiras.
Os comentários sobre a
roupa que usas ou o novo corte de cabelo não revelam um ciuminho saudável.
Revelam que é ciumento. Ponto. Pouco lhe importa se tu gostas daquele top,
daqueles calções ou daquelas calças apertadas. Entre os argumentos usados,
talvez ele diga que já não precisas de te vestir assim, porque isso atrai a
atenção de outros rapazes e tu já tens namorado. Se não fores capaz de lhe
dizer, na altura, que te vestes assim porque te apetece, não para lhe agradar,
pensa que este é o mesmo princípio que leva muitas sociedades a obrigar as
mulheres a usar burka... Não é exagero. Controlar o que tu vestes é exatamente
a mesma coisa.
Perguntar-te a toda a
hora quem é que te telefonou ou ver o teu telemóvel, à procura das chamadas
feitas e atendidas e das mensagens enviadas e recebidas não é um reflexo de
pequeno ciúme. É um sinal de grande insegurança. Faças tu o que fizeres, dês tu
as provas de amor que deres (na tua idade, o amor ainda tem muito para rolar,
mas tu perceberás isso com o tempo), ele sentirá sempre que é pouco. E vai
querer mais, e mais. E tu terás cada vez menos e menos.
Apertar-te o braço com
mais força num dia em que se chatearam e lhe passou qualquer coisa má pela
cabeça não é um caso isolado e uma coisa que devas minimizar porque ele estava
nervoso. Aconteceu daquela vez e é muito, muito, muito provável que volte a
acontecer. Um dia ele estará mais nervoso. E a marca no teu braço será maior. E
mesmo que ele «nunca tenha encostado um dedo» em ti, a violência psicológica
pode ser tão ou mais grave do que a física.
Gostar de ti mas não
gostar de estar com os teus amigos não é amor. É controlo. E é errado. O
isolamento social é terrível.Continuar a telefonar-te insistentemente depois de
tu teres dito que queres acabar a relação, ou encher-te o telemóvel com
mensagens a pregar o amor eterno, não significa que ele esteja a sofrer muito.
Significa, sim, uma frustração em lidar com a rejeição. E se pensares em voltar
para ele, pensa que da próxima vez que isso acontecer ele vai telefonar-te mais
vezes. E enviar-te mais mensagens.
Guardares estas coisas
para ti não é um sintoma da tua timidez. Não quer dizer que sejas reservada. É
uma estratégia de defesa tua. E um pouco de vergonha, à mistura, não é? E que
tal partilhares isso? Ficarias espantada com a quantidade de amigas tuas que
passam por situações semelhantes.
Talvez a sua filha não
leia isto. Mas que tal mostrar-lhe a revista, para ela pensar um pouco?"
Paulo Farinha | DN - Notícias Magazine
[Nota: Este texto é partilhado porque alerta de forma clara para o perigo da violência no namoro. É claro, objectivo e muito esclarecedor no que diz respeito aos comportamentos que nenhum de nós deve aceitar durante a vida, em qualquer tipo de relacionamento. Amar não é violentar. Amar é respeitar e cuidar, acima de qualquer circunstância. O amor deve ser vivido de forma bonita e saudável... Sempre.]
Fotografia de Aloísio Brito - Hush Puppies by Cristina Ferreira
www.dailycristina.com
Há muito tempo que Cristina Ferreira se tornou uma imagem de marca, passando por isso a associar-se a outras, como é o caso da Hush Puppies.
Depois de uma colecção de sucesso lançada em 2013, a apresentadora da TVI volta a associar-se à conhecida marca de calçado para mais uma colecção que idealizou ao pormenor, pensando no bem-estar e conforto das mulheres no seu dia-a-dia pessoal e profissional.
O lançamento da nova colecção aconteceu ontem, dia 29 de Setembro, no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, e foi um sucesso. No blogue pessoal da apresentadora, em www.dailycristina.com, foram disponibilizadas algumas fotografias que têm dado que falar, muito por culpa do uso excessivo de photoshop, como pode ver mais abaixo no Face to Face.
O que acha? Deixe a sua opinião n' A Entrevista que é Face to Face!
Fotografia de Aloísio Brito - Hush Puppies by Cristina Ferreira
www.dailycristina.com
Fotografia de Aloísio Brito - Hush Puppies by Cristina Ferreira
www.dailycristina.com
Depois da saída de João Baião da RTP para a SIC, e dos problemas de saúde de José Carlos Malato, a Estação Pública resolveu mudar os seus programas do Day Time, começando a pensar nos substitutos da «Praça da Alegria» e de «Portugal no Coração». Depois de mais uma temporada de «Verão Total», surgem os programas «Agora Nós», com Tânia Ribas de Oliveira e José Pedro Vasconcelos, e «Há Tarde», com Herman José e Vanessa Oliveira, vinda da SIC.
Fotografia retirada da Página de Facebook Oficial do Programa «Há Tarde»
A RTP apostou muito bem. Herman José, com 40 anos de carreira, está melhor do que nunca: assertivo, dotado de bom gosto e igual a si próprio, sempre com muito talento. Já Vanessa Oliveira, que trocou a Estação de Carnaxide pela Estação Pública, deu um salto na sua carreira: está segura, serena, bonita e igualmente assertiva quando se trata de procurar o seu espaço no programa.
A contracena entre apresentadores evolui de programa para programa e o estúdio é, sem sombra de dúvidas, o mais bonito quando comparado com os estúdios da concorrência.
«Há Tarde» com talento, popular mas de bom gosto, apresentação com requinte e pormenores bem estudados que fazem toda a diferença nos conteúdos que nos chegam a casa.
Fotografia retirada da Página de Facebook Oficial do Programa «Há Tarde»
Afinal, não ser líder de audiências não tem exactamente que ver com qualidade. «Há Tarde» tem muita qualidade e todo o mérito para ser líder. Não será, sabemos bem, mas irá valer pela diferença.
É caso para dizer que Há Tarde.
Os parabéns à RTP e a toda a equipa por lutarem pela qualidade na Estação que é de todos nós.
Não sei quantas almas
tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou
lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.
Esta
senhora, grande senhora, aliás, merece todo o nosso respeito. Nunca por ser mãe
de quem é. Não por isso. Merece o nosso respeito porque é uma lutadora. Tal
como muitas mulheres deste país que tanto as maltrata. Esta senhora sofreu, lutou,
deve ter chorado muito, mas nunca baixou os braços. A vida sorriu-lhe. Como
devia sorrir a todos aqueles que vivem e viveram grandes lutas. À vida, Dona
Dolores deu um Cristiano Ronaldo e este, felizmente, teve a capacidade e as
oportunidades para poder retribuir, dando à mãe e restante família uma nova
vida. E ainda bem.
Sabemos que a Dona Dolores é conhecida por ser mãe de quem é, sim. Mas este
livro não tem que ver com ele. Não directamente. Este livro conta a história de
uma mulher, tipicamente portuguesa, que não baixou os braços e que soube
encontrar, mesmo sem ter tido, o amor.
Aos
invejosos, porque os há por aí, uma chapada de luva branca. Há que pôr a mão na
consciência antes de criticar, antes de falar mal. Há muito que conhecer antes
de avançar para o comentário inútil e infundado. Haja respeito.
Que
todas as mulheres e mães deste país, as lutadoras, consigam dar a volta, com ou
sem filhos milionários, porque no final, o que fica, é e só pode ser o amor.
Sei de cor cada lugar teu
Atado em mim, a cada lugar meu
Tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
Tento esquecer a mágoa
Guardar só o que é bom de guardar
Pensa em mim
protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
Sem ter defesas que me façam falhar
Nesse lugar mais dentro
Onde só chega quem não tem medo de naufragar
Fica em mim
que hoje o tempo dói
Como se arrancassem tudo o que já foi
E até o que virá e até o que eu sonhei
Diz-me que vais guardar e abraçar
Tudo o que eu te dei
Mesmo que a
vida mude os nossos sentidos
E o mundo nos leve pra longe de nós
E que um dia o tempo pareça perdido
E tudo se desfaça num gesto só
Eu Vou
guardar cada lugar teu
Ancorado em cada lugar meu
E hoje apenas isso me faz acreditar
Que eu vou chegar contigo
Onde só chega quem não tem medo de naufragar
Mesmo que a
vida mude os nossos sentidos
E o mundo nos leve pra longe de nós
E que um dia o tempo pareça perdido
E tudo se desfaça num gesto só
Eu Vou
guardar cada lugar teu
Atado em cada lugar meu
E hoje apenas isso me faz acreditar
Que eu vou chegar contigo
Onde só chega quem não tem medo de naufragar
Como
é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz
falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de
repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se
separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As
pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios
têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz?
Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta
esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se
processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores
escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de
repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está
para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é
aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos
imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou
do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho.
Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a
tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de
terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e
desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente
doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É
preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos
mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a
separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de
solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o
peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos,
aceitando que não têm solução.
Não
adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção.
Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só
existe a agulha.
Dizem-nos,
para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a
vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos
mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma,
fica tudo desarrumado.
O
esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande
custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas
lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de
lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.
Miguel Esteves Cardoso, in 'Último
Volume'
[Para contactar o blogue Face to Face, envie um e-mail para aentrevistaexclusiva@gmail.com]
Inicia-se
a aventura que faz com que as minhas opções profissionais ganhem mais sentido
ainda. Começa a emissão de rádio no Banco Alimentar Contra a Fome, apoiada pela
Universidade Autónoma de Lisboa, na qual estudei. Faço parte da equipa que das
18h às 22h anima todos os armazéns do país associados a esta nobre causa. Em estúdio
estão quatro pessoas que, entre muitas outras, abdicaram de parte do seu
fim-de-semana para alimentar a ideia de que devemos ajudar porque um dia, sem
darmos por isso, podemos ser nós a precisar deste apoio.
Entre
nervos, ansiedade e muita vontade de fazer bem e cumprir a missão de animar e
dar força aos que verdadeiramente trabalham nos armazéns, lá ficou decidido que
além da animação em estúdio, também por grande vontade minha, ficaria a fazer
reportagem de exteriores. Fi-lo por achar que a verdadeira forma de chegar às
pessoas, através da comunicação, passa por estar junto a elas. O mais próximo possível,
aliás.
Numa
das várias intervenções que fiz em exteriores, entre pesagens e entrevistas,
surgiu um jovem muito especial: o André. Abordou-me vezes sem conta. As
abordagens foram estranhas, uma vez que o André apenas me puxava pelo braço
pedindo-me atenção para a qual, naquele momento, não tinha tempo. Minutos
depois, após terminar o directo, parei para tentar perceber o que queria o rapaz.
Sem sequer imaginar, acabou por mudar-me a vida. Surdo-mudo e com algumas
limitações físicas, queria que eu passasse uma mensagem para todos os que nos
ouviam através da Rádio Autónoma. Pediu-me que dissesse a todos que, apesar de
apenas ouvir alguns ruídos da música, estava a adorar ali estar e eu disse-lhe
que passaria a mensagem no próximo directo. Duvidando de mim, pediu-me que
todos os presentes no armazém levantassem os braços após ouvirem a sua
mensagem, já que era a única forma de confirmar que o recado era dado. Achei
quase impossível, tal era a concentração de todos os voluntários que mal se
mexiam do posto que ocupavam mas, mesmo assim, comprometi-me a fazê-lo. Era o
mínimo depois de perceber que aquele rapaz, com tantas dificuldades na vida,
estava ali a apoiar a causa que a muitos se faz chegar por todo o país.
Nervoso, inicio o directo avisando que tinha a tal mensagem a passar. Fi-lo com
muita convicção porque sabia a importância que tinha para o André, mesmo
achando que poucos iriam ligar ao que dizia, quando o mais importante era o
trabalho que ali se fazia.
Enganei-me. A mensagem foi passada e o armazém
parou. Parou porque o André merecia. Não por ter limitações. O André merecia
porque era um lutador com um grande coração. O armazém parou porque o
importante é mostrar que estas pessoas também têm lugar e que esse lugar é
junto de todos nós. Arrepiei-me. Caíram-me duas lágrimas de felicidade e
depressa me surgiu a sensação de missão cumprida. Ganhei a noite. O André
sorriu, ficou extremamente feliz e continuou a ajudar junto à zona do grão. E
eu, que continuei a emissão com os meus colegas, percebi que a minha vida só
pode passar por isto. Foi nesta noite que percebi o verdadeiro significado de
comunicar para as pessoas. Foi nesta noite que percebi que não há volta a dar,
que as pessoas são o mais importante e que é a pensar nelas que devemos
trabalhar. Foi nesta noite que tudo fez ainda mais sentido e que percebi que
ando nesta luta por um lugar porque estou cá pelos motivos certos.
Deste
caminho, custe o que custar, ninguém me tira.
P.s.:
Todos os anos marco presença nas emissões da Rádio Autónoma a partir do Banco
Alimentar Contra a Fome. Todos os anos o André vem ter comigo para me
cumprimentar, mostrando que jamais se esquecerá daquele momento. Eu também não
esqueço. O André mudou a minha vida. Espero ter melhorado a dele.
Actor e cantor. Tentou a
sua sorte no programa de televisão «The Voice Portugal» da RTP e conta-nos agora
como foi a sua experiência neste formato.
Quem
é o Alexandre Malveiro?
O Alexandre Malveiro é
uma pessoa como outra qualquer, que valoriza a amizade, a cumplicidade, o riso,
o amor. Sou uma pessoa com defeitos também, ninguém é perfeito. A teimosia
consegue dominar muitas vezes a minha vida. Sou "viciado" no mundo do
espectáculo, da arte e da comunicação. Teatro, música, escrita, rádio, dança. Sou
uma pessoa que não desiste facilmente e que faz de tudo para conseguir alcançar
os seus objectivos.
Consegues
eleger uma área do mundo do espectáculo na qual tenhas mais vontade de
trabalhar?
Consigo. É a música,
claramente.
Fala-me
um pouco do teu percurso artístico.
Desde criança que
cantava mas nada a sério. No ano em que terminei o ensino básico, entrei para o
grupo de teatro da escola que frequentava. Nesse mesmo ano descobri a minha
paixão pelo teatro. No ano seguinte, de forma a completar o ensino secundário,
fiz audições para o curso profissional de artes do espectáculo (teatro) e
entrei. Desde então, comecei a trabalhar mais a parte teatral, deixando a música
um pouco de lado. Entretanto, comecei a cantar de novo nas festas de verão no
Algarve e a compor os meus próprios temas. Organizei concursos como o «X Factor»
e «Portugal tem talento» de forma a conseguir descobrir novos talentos. De vez
em quando, canto nas ruas de Lisboa. Não o faço pelo dinheiro mas por gostar
mesmo de cantar pelas ruas da nossa capital.
Com
tantas actividades, há tempo para todas elas?
Quando gostamos do que
fazemos, conseguimos ter tempo para tudo e muito mais!
Disseste
também que organizaste concursos como o «Factor X» e «Portugal tem Talento».
Fala-me desses concursos.
Arranjei uma equipa de
trabalho. Anunciámos com cartazes as inscrições, de seguida as audições,
recebemos as inscrições dos concorrentes e começámos com as pré-selecções. Depois,
as audições abertas ao público em geral. Desta forma ficaram seleccionados os
finalistas. Seguiu-se a fase de preparação da gala final. Ensaios, venda de
bilhetes, ensaios de luz, som, coreografias, músicas, convites para o compor o júri
que nas duas edições contou com Carlos Costa do programa ídolos e a nossa
grande actriz Rita Ribeiro. A gala tinha um serviço de catering e muita animação!
Depois
de todas estas actividades e apostas da tua parte na tua carreira artística,
pudemos ver-te e ouvir-te no «The Voice Portugal» da RTP1. Como é que surgiu a
ideia de participar neste talent-show?
Antes de mais, adoro o
formato do concurso. Sou um espectador assíduo do The Voice USA e Inglaterra.
Resolvi tentar a minha sorte e ver até onde conseguia chegar.
Antes
de chegar à prova cega, tiveste de participar nas pré-selecções. Como é que
correu?
Foram duas pré-selecções
bastante rígidas em que os nervos dominavam. Na minha opinião, acho que correram
bem, dei o meu melhor. Mostrei o quanto queria chegar longe, foram longas horas
de espera, longas horas de constante nervosismo, mas foi uma experiência brutal.
Ficar no TOP 100 perante milhares de concorrentes por todo o país foi muito bom.
Depois
dá-se a derradeira prova cega onde nenhum dos mentores virou a cadeira para que
pudesses ficar a concurso mais tempo. Como é que te sentiste nesse momento?
Sinceramente, é uma
sensação de perda porque não tinha a noção do que me esperava depois das provas
cegas passarem na TV. Uma sensação de perda porque foi muito tempo investido,
muitas horas, muito trabalho, muitas esperanças envolvidas, muitos sonhos do
que poderia acontecer... Fiquei em baixo, sim, como todos os concorrentes que
não passaram ficaram mas, de certa forma, não trocaria a experiência por nada.
Estou contente com a minha prestação, sei que o público também gostou e isso é
o mais importante. Acredito no destino. Se não foi desta, não tinha que ser.
Agora a minha missão é transformar um não num grande sim.
Se
pudesses voltar à prova cega, levarias outro tema a concurso?
Por questões de
contrato não posso entrar em pormenores em relação à escolha dos temas nem em
relação ao tema que cantei nas provas cegas. Mas sim, acho que levaria outro tema
às provas cegas. Apesar de até ter sido bom levar o Euphoria, música que ganhou
a eurovisão na RTP, para os mentores ficarem a conhecê-la.
Que
tema escolherias?
I belive i can fly de R. Kelly ou Proud Mary da Tina
turner.
Rui
Reininho, Anselmo Ralph, Mariza Liz e Mickael Carreira. Qual o teu mentor
preferido?
Acho que a Marisa Liz.
Porquê?
Temos um estilo musical
parecido, acho que nos iriamos dar muito bem, e iriamos trabalhar muito bem
juntos.
Depois
desta participação, suponho que tenhas recebido inúmeras mensagens de fãs,
familiares e amigos. O que é que mais te disseram sobre a tua prestação no
programa da RTP?
Recebi inúmeras
mensagens, sim. No geral quiseram dar-me os parabéns pela coragem e pela
prestação, dizendo que gostaram da minha prova cega, que gostaram da entrega
que tive em palco, e que foi muito bom ver a "revolta" do público em
geral por não ter passado. É sinal que gostaram do que viram… No geral, tenho
recebido bastante conforto do público português e não só.
Surgiram
novas oportunidades a nível musical depois desta passagem pelo The Voice
Portugal?
Sim, surgiam propostas
e novos projectos dos quais só posso ainda revelar os meus próximos dois
concertos já confirmados em Julho, dias 20 e 21, na fonte luminosa no parque da
Alameda em Lisboa.
Sobre
esses dois concertos, o que podes revelar?
Posso revelar que
finalmente vão conhecer o Alexandre Malveiro.
Deixa-nos
então o convite para os concertos.
Convido todos a vir nos
próximos dias 20 e 21 de Julho, na fonte luminosa da Alameda em Lisboa, a partir
das 21:30 com entrada gratuita. Prometo que haverá muita animação, músicas de
todas as gerações e muita dança.
Enquanto
cantor, quais os estilos musicais com os quais mais te identificas?
Pop, fado, jazz.
O
que esperas estar a fazer daqui a dez anos?
Muito sinceramente,
espero estar a pisar os grandes palcos de Portugal e arredores.
Apenas
como cantor?
Como cantor e actor.
Se
os teus sonhos falassem, o que diriam de ti?
Diriam que um dia vou
conseguir chegar a eles, basta acreditar em mim!
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